domingo, 20 de novembro de 2011

- “ A COR DA ALMA” -

Modismos á parte, é, ainda, freqüente a incidência dos casos de discriminação, preconceito e faledicências de origem racial. São casos já penalizados em nossa Legislação, porém, vez por outra, voltam a ocorrer e a protagonizar as mais absurdas e escabrosas estórias do nosso dia - a – dia.
É comum – e igualmente errôneo – o fato de associarmos a cor da pele à pessoa propriamente dita. Quem de nós nunca se referiu à outra pessoa como “o negrão”? Quem de nós, ao ver uma situação vexatória nunca concluiu “só podia ser preto mesmo...!”? É lógico que, em raríssimos casos, a referência da raça se dê até de forma amigável (?) e carinhosa (?); porém, é muito mais raro ouvir de volta qualquer tratamento que faça menção ao outro como “brancão” ou “branquela”.
Atribui-se à raça negra (incluindo-se: mulatos, caboclos, cafuzos, “pardos” ou “sararás”) uma herança histórica muito lamentável a ponto de, ainda, sugerir uma “inferioridade” ou “desmerecimento” em contrapartida à “normalidade” da “raça branca”. E que não venham com aquele papo de “é negro, mas eu o adoro...” ou  então “é um negro tão bom que deve ter a alma branca!”; isso não funciona mais, nem assim, nem de jeito nenhum ou vice versa! É uma coisa tão vergonhosa esta tal “consideração” que chega a superar as questões mais “vultosas”; está mais intrínseca que podemos imaginar; chega a ser usual, casual e causal, ao mesmo tempo, como se ao “negro” ou ao “cidadão afro-descendente” (ou, ainda, “afro-brasileiro”, o jeito mais nosso...) não caibam os mesmos direitos ou prerrogativas tão comuns aos demais cidadãos do Brasil e do mundo!
Por que se torna, por exemplo, tão “estranho” (para não dizer inaceitável) um relacionamento amoroso entre negros e brancos? Por que causa tanto espanto ver um negro ao volante de um belo e caro automóvel, principalmente, sendo ele o proprietário e não o manobrista ou o motorista de alguma “madame”? Por que, nas novelas, em especial, os personagens principais não são (nunca!) protagonizados por atores negros, cujo talento se iguala ao de qualquer outro ator? Por que não vemos, em escala de igualdade, negros com a mesma freqüência, proeminência e destaque no cenário político? Por que as oportunidades nunca são iguais?
Com a mesma propriedade que me coube questionar sobre esses poucos exemplos, me digno a responder. A razão de tudo isso é pura e simplesmente a expressão mais cruel e covarde de tudo o quanto fora dito anteriormente: a enganosa visão da “inferioridade negra”!
Há pouco, comemorou-se José do Patrocínio como um dos principais pilares do movimento abolicionista brasileiro; porém, erramos (ou tornamo-nos verdadeiros hipócritas!) ao festejar uma abolição que ainda não aconteceu!
Pobre José do Patrocínio por confiar que a sua luta contra o escravigismo serviria para tornar igual a situação entre negros e brancos!
Cientificamente, descendemos dos primatas que, raramente, possuem louras madeixas e olhos azuis; biblicamente, porém, descendemos de Deus, sendo criaturas e filhos (todos nós!!!), iguais em imagem e semelhança ao Criador e Pai, não cabendo, portanto, nenhuma diferenciação de raça ou cor que torne um superior ou inferior em relação ao outro.
A segregação racial, só mesmo para concluir, começa dentro de nós e pode – ou não – se expandir a ponto de criar uma certa “repulsa” às questões que digam respeito ao convívio e a coexistência pacífica de nossa sociedade.
A abolição, por sua vez, só ocorre de verdade, quando viermos a ver o nosso próximo (“negros”, “amarelos”, índios, etc.) como semelhantes, dignos de todos os direitos e deveres que os demais.
A cor da pele pode ser diferente; a cor do sangue é a mesma, mas, para Deus, a alma tem de ser igual, alva ou negra, pura, bondosa, amável, respeitosa; que tenha, enfim, a dignidade de ter sido criada, doada, moldada e aceita por Deus como principal critério de entrada no Reino Celestial, onde, com certeza, não haverá nenhum “APARTHEID”...
É se não repensarmos este assunto, a “coisa” pode ficar “branca”! 




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