quarta-feira, 22 de junho de 2011

Morte de sindicalista: assassinato teve queima de arquivo a mando de Donati, dizem testemunhas

Os depoimentos prestados voltaram as atenções sobre o mando do assassinato para o prefeito de Conceição da Barra, Jorge Donati, que simulara interesse na elucidação

Lívia Francez
Foto capa: Arquivo SD
Foram ouvidas, além do delegado, as mulheres de Rondinelli Ribeiro do Nascimento Amaral Ferreira, Diego Ribeiro Nascimento e Ozéias Oliveira da Costa. Segundo as depoentes, Rondinelli emprestou as armas, Rodolpho Nascimento do Amaral Ferreira foi responsável por amarrar e Diego deu o tiro de misericórdia no sindicalista. A oitiva foi acompanhada por cerca de 50 pessoas da comunidade de Conceição da Barra, além da família do sindicalista.
Na audiência também se revelou que Ozéias era responsável pelo pagamento dos executores, que seria de R$ 7 mil, mas o homem que detinha o dinheiro, conhecido como Porquinho, foi assassinato três dias após a execução do sindicalista, em uma provável queima de arquivo. A morte de Porquinho suscitou a abertura de um novo arquivo e o executor dele está preso e incomunicável à disposição do delegado Fabrício Dutra.
Ainda devem ser ouvidos os acusados presos Rondinelli Ribeiro, Janes Antônio de Almeida e Ozéias Oliveira, que vão depor no dia 19 de julho. A família do sindicalista assassinato espera as providências do juiz Carlos Madeira Abad e do Ministério Público Estadual (MPES).
Padre Moacir
O padre da paróquia de Conceição da Barra, Moacir Pinto, que vem sofrendo intimidações por cobrar providências sobre o crime, foi convidado a conversar com um delegado lotado no município de São Mateus sobre as ameaças. Ele contou que tem evitado ir para a zona rural do município desacompanhado e disse ainda que os moradores do entorno da casa paroquial têm ficado atentos a movimentações na região.
Nesta segunda-feira (20) a Polícia Militar chegou a ser chamada quando moradores notaram que dois homens em uma moto seguiam o padre pelo caminho até a igreja. Os homens não foram vistos durante a missa, mas voltaram para as imediações da igreja após o término da celebração. Depois da abordagem, a polícia descartou a hipótese de ser uma perseguição, já que os homens declararam procurar uma festa que acontecia na região.
O religioso já passou por intimidações duas vezes. A primeira delas aconteceu em outubro de 2010, quando dois homens, um deles com arma em punho, invadiram o quintal da casa paroquial provocando um barulho. Quando o padre foi verificar de onde vinha o barulho, se deparou com os homens, que o encararam e saíram do terreno. Uma semana após o carnaval, em março deste ano, as ameaças silenciosas se repetiram.
As oitivas realizadas no Fórum de Conceição da Barra, no norte do Estado, na última segunda-feira (20), voltaram as atenções do mando no assassinato do sindicalista Edson José dos Santos Barcelos para o prefeito do município, Jorge Donati. Os depoentes, que incluíram as mulheres dos acusados de serem executores, todos presos, e o próprio delegado-presidente do inquérito, Fabrício Dutra, se referiram ao prefeito como provável mandante do crime, após confissões dos acusados presos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário