domingo, 19 de junho de 2011

A vida é melhor aos 40

Com a maioria dos compromissos já realizados e cérebro no auge, é o momento de recomeçar a vida

18/06/2011 - 15h25 - Atualizado em 18/06/2011 - 15h25
A Gazeta
                      
Opção por nova carreira
A prova de que a tomada de decisões aos 40 anos tem mais chances de dar certo é a guinada que Dilciene Avanza, 44 anos, deu na vida há poucos anos. Mãe e esposa dedicada, ela decidiu que, com os filhos já crescidos, iria cuidar de um lado até então esquecido: o profissional. Matriculou-se em um curso de Nutrição e, aos 41 anos, começou a exercer a profissão que descobriu ser sua grande paixão. "Era o que faltava para que eu me sentisse totalmente realizada. Consegui me reinventar como mulher, como mãe e como pessoa. Hoje, posso dizer que estou no auge da minha vida e da minha carreira. Tenho disposição suficiente para a rotina de trabalho e me sinto madura para saber aliar a vida pessoal com as outras conquistas ", conta.
Priscilla Thompsonppessini@redegazeta.com.br

Chega uma fase na vida em que a gente pode olhar para tudo o que construiu e ver o futuro com tranquilidade suficiente para aproveitar as conquistas com sabedoria. A crise da meia idade fica mais distante à medida que a ciência tem comprovado que aos 40 anos reunimos todas as condições para tirarmos o melhor das experiências vividas. Do ponto de vista neurológico, nosso cérebro está no auge da maturidade. À luz da psicologia, o repertório adquirido até então é o ideal para desencadear mudanças e reflexões necessárias ao equilíbrio emocional e afetivo.

Em quatro décadas, a maioria de nós já cumpriu as principais tarefas sociais, como casar, ter filhos e consolidar a carreira profissional. "É como se nos preparássemos para uma segunda etapa da vida, que não é o início do fim, mas do recomeço. Passamos a dar mais importância para o que realmente importa", resume a psicóloga e gerontóloga do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Dorly Kamkhagi.

As conexões cerebrais são tão rápidas quanto na juventude e ganham um aliado a mais. "Quanto mais vivência e estímulos, como a leitura, melhor o cérebro fica. A capacidade de raciocínio aprofundado diante de situações diversas se amplia. As perdas de memória, ao contrário do que se pensa, só começam a ser sentidas a partir dos 60 anos", diz o neurologista Ricardo Afonso Teixeira, diretor do Instituto do Cérebro de Brasília.

Mais reflexivos
Mais tranquilos, experientes e seguros, deixamos de temer os fantasmas da solidão e da rejeição. Ainda que o corpo físico não responda com tanta rapidez às demandas do dia a dia, os ganhos produtivos podem ser maiores, graças à ajuda do cérebro. Aprendemos a nos abrir para novas experiências e a dar mais importância à reflexão. A impulsividade perde lugar para as decisões amadurecidas e acertadas.

Sem crises


Pode parecer contraditório dizer que o melhor da vida virá quando o que mais se comenta sobre esse período é a chegada da crise da meia idade. Mas essa crise tende a ser, justamente, um marco.

"Quando o corpo começa a entrar no processo de envelhecimento, temos a chance de olharmos para dentro. Se a crise vier, tende a ser extremamente produtiva, porque nos ajuda a evoluir", defende a psicóloga e especialista em Felicidade Angelita Scárdua.

Portanto nada de desespero. Aproveite para se dar o direito de recusar convites para reuniões chatas de amigos, para planejar aquela viagem sem os filhos adolescentes e para colocar em prática tudo aquilo que até então ficou na "geladeira" à espera do tempo certo. Ele começa agora.

"Eu me sinto no ponto de equilíbrio da minha vida", diz o policial militar Leonardo Alves Pinheiro, que chegou aos 40 pronto para aproveitar o que conquistou. De família humilde, de São Gabriel da Palha, ele chegou a Vitória aos 18 anos, sozinho. Hoje, no apartamento de frente para o mar, em Vila Velha, aproveita a maturidade. "Aprendi a curtir a minha família e a me dar o direito de viajar pelo menos duas vezes por ano", diz. E completa: "Hoje, me sinto seguro para mudar o que ainda tiver que ser mudado, sei dizer ?não? aos meus filhos com tranquilidade, quando é preciso, e encaro a vida com mais naturalidade. São coisas que só se ganha com o tempo", ensina.

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