Secretário se diz otimista mesmo com a média de 5 homicídios por dia em maio
Na manhã desta quinta-feira (12), o secretário de Segurança Pública, Henrique Herkenhoff, foi convidado para debater os índices da violência no Estado com o especialista em políticas públicas Roberto Simões, no programa televisivo Bom Dia Espírito Santo, da Gazeta. De cara, Simões, com os dados do Mapa da Violência 2011 na ponta da língua, não escondeu a sua indignação ao comentar os assombrosos números da violência capixaba.
O professor da Ufes alertou que a taxa de homicídio na Região Metropolitana da Grande Vitória atingiu a incrível marca de 189 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. Para dar a importância que o dado merece, ele lembrou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera taxas acima de 10/100 mil como violência epidêmica.
Simões destacou também, antes de passar a bola para Herkenhoff, que outro dado da pesquisa que preocupa os capixabas é a grande quantidade de jovens que estão perdendo suas vidas para a combinação letal: drogas, tiros e trânsito. O professor afirmou, com base no estudo, que o Espírito Santo é o segundo estado brasileiro que mais assassinou jovens na década analisada pela pesquisa (1998 a 2008).
Herkenhoff, além de não mostrar a mesma indignação do professor frente aos dados da pesquisa, preferiu tratar os índices com otimismo. “Estamos otimistas. Nos últimos anos, 2010 e 2011, começamos a observar uma redução de 15 a 20%”. Em seguida, ponderou que ainda é preciso analisar um período mais longo para poder afirmar que os números indicam uma “tendência de queda”.
De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), a “tendência de queda” de Herkenhoff está longe de ser alcançada. Somente nos 10 primeiros dias de maio foram assassinadas no Espírito Santo 50 pessoas, o que representa uma média de cinco homicídios por dia. Projetando o número para os próximos meses de 2011, essa média estacionaria o Estado em uma taxa acima de 50 homicídios por 100 mil habitantes – índice que manteria o Espírito Santo como o segundo estado mais violento do País, atrás apenas de Alagoas.
Frente ao otimismo do secretário, o professor Roberto Simões lembrou que o Espírito Santo está justamente na contramão da maioria dos estados brasileiros, que estão conseguindo reduzir as taxas de homicídios nos últimos anos. Ele lembrou que, no período analisado pela pesquisa (1998 a 2008), mais de 20 mil pessoas foram assassinadas no Estado.
Complementando o dado do professor, somente na Era Hartung (2003 a 2010) mais de 14 mil pessoas foram assassinadas no Espírito Santo. A média, nos últimos oito anos, é de 53 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes. Com picos que já chegaram a 62/100 mil (2009) e 59/100 mil (2008).
Simões citou, em contraponto, o exemplo de São Paulo, que já convive com taxas de homicídio de um dígito, como recomenda a OMS. Ele também advertiu que o número de policiais no Estado está “atrasado” em pelo menos uma década. “Já se sabe o que se tem que fazer. Agora é preciso fazer”, cobrou o professor, dando a entender que falta vontade política para o governo implantar as necessárias políticas públicas, principalmente nas regiões mais vulneráveis à violência.
Herkenhoff, mostrando-se apático às intervenções de Simões, rebateu as críticas afirmando que “essas medidas estão sendo implantadas, mas não disse quais. O secretário afirmou que o efetivo está aumentado. Justificou que a contratação de mais policiais não é tão simples. Lembrou que é preciso “fazer concurso, treinamento...” E disse que o ideal é fazer concurso todos os anos para ir repondo o efetivo sistematicamente.
Para quem fala em nome do governador que iria “dar um basta na violência”, Herkenhoff, até agora, não mostrou serviço. Casagrande, por sua vez, que empenhou a sua palavra com a população, parece estar achando de bom tamanho anunciar as primeiras “diretrizes” para a segurança quatro meses depois de assumir o governo. Muito pouco para quem prometeu tratar a segurança como prioridade número um do seu governo.
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